Dicas e cuidados para a sua residência em tempos de pandemia

Prof.ª Camila Forcellini
Coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo
Universidade Ibirapuera

A humanidade já presenciou alguns períodos terríveis relacionados a doenças que se espalharam abruptamente pelas grandes cidades, como foi o caso da peste negra (no século XIV), da mortífera Gripe Espanhola (1918), da gripe asiática (1957), da H1N1 (2009) e do Ebola (2013). O novo Coronavírus (Covid-19) que fora declarado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março deste ano, tem por semelhança às doenças anteriores a velocidade do contágio, especialmente em locais muito adensados, como as grandes metrópoles mundiais.

Antigamente, boa parte da contaminação ocorria também no meio urbano, obrigando a população a manter-se em afastamento social e, quando alguém sucumbia à doença, em quarentena. Mas o isolamento das pessoas nas casas não contribuía para que essas pandemias cessassem, já que boa parte das moradias (em especial as populares) eram insalubres; não possuíam ventilação e iluminação naturais adequadas. Somando isso a hábitos higiênicos precários, a recuperação da saúde pública era muito lenta, quando não levava os doentes a óbito.

As condições sanitárias urbanas também não ajudavam. A falta do chamado saneamento básico, caracterizado por abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto e gestão de resíduos sólidos (coleta e tratamento do lixo) é um fator fundamental para contribuir com a qualidade de vida da população, inclusive sendo parâmetro para qualificar o grau de desenvolvimento humano de uma nação.

Ainda nos tempos atuais, a situação acima é mais frequente do que se imagina: segundo dados do Instituto Trata Brasil, cerca de 40% dos municípios brasileiros não têm coleta e tratamento de esgoto. Infelizmente, esse tipo de cenário é um fator que acelera ainda mais o processo de disseminação das mais diversas doenças, como a malária, o cólera e o próprio Covid-19.

Mesmo sendo de responsabilidade do poder público o fornecimento de infraestrutura urbana adequada para atender às demandas da população, tais como o saneamento, oferta de transporte público de qualidade, espaços para a prática desportiva e para o lazer, manutenção de praças e parques, é possível tomar alguns cuidados particulares na manutenção da casa e que também contribuem para uma melhora significativa nas condições do bairro e da cidade. Aqui estão algumas recomendações e dicas:

– Evite entrar em casa com os sapatos que utilizou na rua; deixe-os do lado de fora ou destine um canto próximo à porta onde possa deixá-los. Depois, limpe as solas com um pano umedecido com água e sabão;
– Se puder, deixe o álcool em gel próximo às entradas da residência, e utilize-o sempre que sair ou entrar, lavando as mãos em seguida;
– Limpe constantemente as maçanetas das portas e janelas com álcool, assim como os metais dos banheiros, cozinha e área de serviço, pois o vírus permanece por pelo menos 72h neste tipo de superfície;
– Limpe também os eletroeletrônicos, tais como computadores, controle remoto, telefones, notebooks, celulares, etc.;
– Evite fazer a limpeza de móveis e objetos com o espanador, pois o pó acumulado será lançado no ar. Utilize um pano para essa etapa;
– Sempre que possível, mantenha as janelas abertas para permitir a circulação do ar e a entrada da luz solar (especialmente durante a manhã);
– Evite permanecer por longos períodos em ambientes confinados (sem ventilação/iluminação naturais). Quando não for possível, mantenha a porta aberta e consuma bastante água;
– Caso tenha ar condicionado ou circuladores de ar, certifique-se de que os filtros, grades e hélices estão com a limpeza em dia. Não apenas os vírus, mas ácaros e fungos podem se espalhar quando esses aparelhos não são limpos periodicamente, e são particularmente prejudiciais para as pessoas alérgicas;
– Quando for receber compras, destine um espaço com boa ventilação para coloca-las (de preferência, próximo a alguma porta/janela ou em varandas/quintais); deixe-as por um período e depois limpe todos os produtos com álcool;

Caso faça parte daqueles que permanecerão em casa durante esse período, aproveite para reorganizar o espaço: reposicione móveis e objetos para melhor a circulação interna; limpe e conserte artigos decorativos que goste; faça uma limpeza geral em armários de quartos, cozinha e áreas de serviço; separe objetos para doação, reforma ou para reciclagem; cultive plantas ou até uma pequena horta!

Ter uma casa bem organizada, arejada e limpa também é sinônimo de saúde física e mental, e contribui muito para o bem-estar comunitário!

Siga nossas redes sociais: