#UnibEntrevista Alunas de Psicologia apresentam trabalho no XX Encontro Nacional ABRAPSO

Batemos um papo com as amigas Paula de Paula, Monick Átilla e Dayse Rodrigues, alunas do curso de Psicologia da Universidade Ibirapuera, sobre a apresentação do trabalho “Mulheres usuárias de drogas em uma instituição total: relatos de uma experiência” no XX Encontro Nacional ABRAPSO, em São Paulo.

Elas falaram sobre o desenvolvimento do trabalho, o estágio de “Intervenção Psicossocial”, a supervisão da Prof.ª Raquel Spaziani e, claro, a sensação de participar de um evento científico tão importante para a Psicologia.



Alunas:
 Paula de Paula (10º semestre), Monick Átilla (9º semestre) e Dayse Rodrigues (9º semestre).

Docente: Prof.ª Dr.ª Raquel Baptista Spaziani

Confira a entrevista completa abaixo:

Como funciona o estágio “Intervenção Psicossocial”?

O estágio de Intervenção Psicossocial tem como objetivo atuar em uma instituição, grupo ou movimento social. Resumidamente, a turma é dividida em pequenos grupos que irão buscar uma organização para realizar o estágio. É bem comum que esses espaços tenham como característica questões de vulnerabilidade e exclusão social. No nosso caso, optamos por estagiar em uma instituição que acolhe mulheres que faziam uso abusivo de drogas, na medida em que entendemos que este trabalho poderia abranger diversos assuntos que estudamos em sala de aula.

Quais conhecimentos da sala de aula são aplicados no estágio?

Em cada encontro realizado na instituição temos contato com diversos conhecimentos trabalhados em sala de aula. Boa parte dos assuntos foram tratados nas disciplinas de Psicologia Social, Psicologia Comunitária e Processos de Inclusão – como exclusão social, sofrimento ético-político e questões de gênero –, mas também é comum buscarmos referências em disciplinas que versem sobre políticas públicas, Psicologia Institucional, grupos etc.

Como funciona a supervisão da Prof.ª Raquel Spaziani?

A supervisão da professora Raquel ocorre uma vez por semana e tem sido fundamental para desenvolvermos o trabalho na instituição. A intervenção foi dividida em dois semestres. No primeiro, fizemos visitas à instituição com o objetivo de construir um vínculo com aquelas mulheres, buscando compreender quais eram as suas demandas. A partir disso, elaboramos um projeto de intervenção considerando os relatos e potência de ação dessas mulheres, a fim de que a nossa atuação fizesse sentido para elas. Assim, no segundo semestre, colocamos em prática esse planejamento. Em supervisão, semanalmente, é possível refletirmos conjuntamente sobre a nossa própria atuação, assim como a dos outros grupos. A supervisão nos dá suporte para lidar com os assuntos emergentes da prática do estágio, bem como é um exercício teórico, crítico e autocrítico, trabalhando com as questões da dinâmica da instituição e, também, com o acolhimento de nossas inseguranças e necessidades, sentimentos que surgem quando nos deparamos com determinadas situações no local.

Quais assuntos são levantados nas rodas de conversa da instituição em que vocês atuam?

O nosso projeto de intervenção tem como temas norteadores identidade, convívio em grupo e projeto de vida. No entanto, partimos da necessidade do grupo, ou seja, se em um determinado dia as mulheres apresentarem outras questões a serem discutidas, acolhemos e refletimos sobre aquilo. Ao contrário do que imaginávamos, os assuntos vão além das questões das drogas, aparecendo temas como gênero, violência e maternidade.

Quais os teóricos escolhidos para dar respaldo conceitual às considerações finais do trabalho?

Toda a intervenção é respaldada nas autoras da Psicologia Social, como Bader Sawaia, Ana Bock, Maria de Fátima Freitas e Ignacio Martin-Baró. Por se tratar de uma instituição que se assemelha às instituições totais, estudamos Erving Goffman e Michel Foucault. Já no que diz respeito às drogas, as Referências Técnicas para atuação de Psicólogas(os) em Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas, do Conselho Federal de Psicologia.

Quais relatos de experiências marcaram vocês?

Todos os encontros foram impactantes. Podemos dizer que estamos aprendendo muito com as histórias de vida dessas mulheres, que nos contam sobre as suas dores e experiências em uma instituição que regula as suas rotinas e modos de ser.

Vocês já eram familiarizadas com as Instituições Totais? Se não, como foi descobrir os estudos de Goffman?

No estágio básico II atuamos com idosos em uma casa de repouso. Foi uma experiência interessante, porém não foi tão profundo quanto o trabalho que estamos desenvolvendo agora. Estudamos o Goffman nas disciplinas de Psicologia Institucional e Psicologia Jurídica, o que já nos foi bastante impactante. No entanto, não se compara ao contato prático que tivemos nesse estágio, em uma instituição que apresenta características semelhantes às de uma instituição total.

Quando surgiu a ideia de submeter o trabalho no XX Encontro Nacional ABRAPSO?

Sempre tivemos o anseio de ter um trabalho divulgado em algum evento científico com notoriedade. Em uma das supervisões, a professora nos informou sobre o evento e perguntou se teríamos interesse em mostrar um pouco do que estávamos desenvolvendo no estágio. Devido a atenção, cuidado e dedicação que tínhamos com esse estágio e apoiadas na confiança que a professora depositou no grupo, concordamos em apresentar esse trabalho.

Como vai acontecer a apresentação no evento?

A apresentação será feita em formato de pôster a ser exposto dentro do evento que acontecerá entre os dias 13 e 16 de novembro na PUC-SP. A data exata que será feita a exposição ainda não está definida.

O que essa conquista representa para vocês?

Essa conquista além de representar um reconhecimento do trabalho que estamos nos dedicando há meses, representa também uma forma de dar voz às pessoas que estão lutando para serem vistas na sociedade. Esperamos que, a partir desse trabalho, seja possível conseguir ajudar essas mulheres a serem respeitadas socialmente como sujeitos de direitos. Entendemos também que este pode ser apenas o início de um trabalho mais extenso, e que possa despertar no grupo o interesse acadêmico no desenvolvimento de trabalhos que reflitam sobre a elaboração e implementação de políticas públicas em sua intersecção com as mulheres e as suas questões, superando o preconceito e o machismo que as subjuga.

As alunas fizeram alguns agradecimentos. Confira abaixo:

Gostaríamos de agradecer a oportunidade oferecida pela professora Raquel Spaziani, incentivo e confiança em nossa atuação de estágio profissional, por nos introduzir em um tema extremamente relevante em um formato de psicologia diferente do clínico, enriquecendo nosso currículo acadêmico com este trabalho, o qual será apenas o início de muitos outros que buscamos desenvolver. A oportunidade de trazer luz a uma realidade que necessita do olhar da psicologia, e sermos este olhar naquela instituição.

Agradecemos a Universidade pela escolha dos nossos Mestres, que estão nos preparando com uma visão crítica e comprometida da Psicologia.

Por fim, agradecemos aos nossos companheiros de estágio, pois as nossas reflexões na supervisão são construídas sempre de modo coletivo.

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